Porto Velho (RO) — Durante a 3ª reunião ordinária do Conselho Estadual de Política Cultural (CEPC-RO), realizada nesta terça-feira (3), a Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel) informou que o Estado de Rondônia não conseguirá atingir os 60% de execução exigidos pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) para receber, ainda em 2025, o próximo ree de R$ 15 milhões.
Segundo a autarquia, o principal motivo para a perda do recurso é a falta de suplementação orçamentária necessária para abrir créditos e viabilizar a publicação dos editais estaduais. Com isso, o valor que seria aplicado em políticas culturais deve deixar de ser investido em Rondônia até, pelo menos, julho de 2026.
A situação evidencia um histórico de problemas de gestão orçamentária no Estado. Em 2023, Rondônia quase precisou devolver R$ 27 milhões da Lei Paulo Gustavo (LPG) por não cumprir os cronogramas exigidos. De acordo com o CEPC-RO, mais de R$ 5 milhões foram efetivamente perdidos, após o vencimento do prazo.
A situação gerou forte reação entre membros do Conselho. Para o conselheiro Édier William, o episódio evidencia a falta de prioridade do governo estadual:
“O governo de Rondônia está dando um sinal claro de que não se importa com a cultura. Às vésperas de uma eleição, perder recurso da cultura é um recado direto”, afirmou.
Já a presidente do CEPC-RO, Valdete Sousa, reforçou a cobrança por mais diálogo entre governo e setor cultural:
“O Conselho não entende o porquê da Assembleia Legislativa e do Governo do Estado não sentarem com a cultura para conversar.”
A conselheira Selma Pavanelli também questionou a postura da Sejucel, apontando uma omissão na execução de recursos federais:
“Queria entender o porquê de a Sejucel se omitir em executar um recurso que não é do Estado de Rondônia, e sim do Governo Federal”, disse.
Para Édier William, os investimentos públicos no setor são focados em grandes eventos, usados mais como "vitrine" do que como política pública de manutenção:
“Lutamos para que as manifestações patrimonializadas recebam apoio continuado, via orçamento, e não só holofotes e emendas.”
Outro ponto crítico levantado foi o uso de diárias para servidores deslocados a eventos. Valdete Sousa apontou a sobrecarga de trabalho da equipe da Sejucel, muitas vezes dedicada a eventos como a Rondônia Rural Show, enquanto a política cultural permanece em segundo plano.
Édier William sugeriu que o Conselho fiscalize o que chamou de "farra das diárias", citando como exemplo o envio de cinco servidores para fiscalizar uma emenda parlamentar de R$ 150 mil destinada ao Festejo do Divino Espírito Santo:
“É um valor ínfimo para o tamanho do Festejo, mas que não requer tantos fiscais para esta única emenda.”
A reunião foi realizada em formato virtual, reunindo conselheiros e representantes da sociedade civil.
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